sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sentido a vida fora da gente – A visão do Pai


É Olivia, você nem tinha nascido ainda e já provocava fortes emoções em nós. Mas a vida de pai é sempre mais difícil. Você e a mamãe eram as verdadeiras protagonistas dessa história, vocês tinham todo o trabalho. A mim cabia acompanhar e aguardar por notícias.

O início da gravidez é mais ou menos assim, nenhuma mudança no corpo, nenhuma mudança na rotina, tudo como sempre foi, só uma suspeita. Até que um dia essa suspeita se confirma através de um exame. Esse é um momento de grande alegria, mas tudo ainda é muito vago, apenas um resultado de exame. Ainda faltava ver, faltava ouvir, faltava sentir você.
Quando fomos fazer o primeiro ultrassom, logo de início a médica mostrou você, ainda um embrião, menor que uma azeitona. Não, menor que o caroço da azeitona. Ainda não tinha uma forma definida e, para nós, era difícil de enxergar alguma coisa concreta, mas o fato de saber que você estava ali bonitinha era motivo de felicidade e tranquilidade.
O exame seguia e chegou a hora de ouvir o seu coração. Após o anúncio da médica começamos a ouvir o Tum-tum-tum frenético do seu coraçãozinho, eram 158 batidas por minuto. Aquele som preencheu a sala, o tempo parou só para ouvirmos o seu coração, naquele momento senti a sua presença, ali, do meu lado. O choro da mamãe acompanhava seu coração em uma doce melodia. Pra não atrapalhar fiquei ali quietinho só observando e curtindo o momento. O som da minha lágrima nem fez barulho quando escorreu pelo meu rosto, passou pelo meu sorriso e caiu. Não lembro como o ultrassom terminou, mas me lembro de quando nós estávamos indo embora, saí dirigindo e nem sabia pra onde estava indo.
Acompanhar os exames de ultrassom era o momento de ver como você estava, afinal, você morava na barriga da mamãe e ficava o tempo todo só com ela.
Até que um dia a mamãe começou a sentir seus movimentos, ela me contou isso com muita alegria, mas eu ainda era um mero espectador, passivo como o leitor de um livro de aventura. Ouvia as histórias dos seus movimentos, imaginava, mas não podia sentir.
Durante várias vezes ela dizia que você estava se mexendo, eu colocava a mão na barriga dela e você parava, e eu voltava a ser um espectador do seu desenvolvimento e das suas danças na barriga.
Um sábado à noite, depois de um encontro com alguns amigos, chegamos tarde e fomos direto para a cama. Você começou a se mexer e quando eu coloquei a mão na barriga da mamãe, você chutou! Pude sentir você pela primeira vez! Comecei a rir, uma nova onda de felicidade tomou conta de mim, fiquei rindo durante alguns minutos e adormeci feliz de ter sentido você fisicamente pela primeira vez.
É filha querida, sentir a vida fora da gente também provoca grandes emoções.

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